Neste espaço pretendo inserir minhas poesias e aforismos expressando reflexões sobre a existência humana e/ou sobre o cotidiano. Quando encontrar uma ou outra ideia desconexa, não se preocupe, pois são somente comentários de alguém expondo sentimentos.
sábado, 14 de julho de 2012
CONVERSA SONHADA
Conversando com o transeunte triste e ancião,
em pequenas frases pausadas me falou de forma
descomplicada, que do sentimento mais puro e
simples é que surge a complexidade. Disse-me que
neste mesmo lugar, no passado, as veredas eram
empoeiradas no puro chão. As matas verdejantes
eram abundantes, de fauna que era exuberante e
hoje está em extinção. Pequenas lavouras eram ricas
por simplesmente servirem de alimento para toda a
população. As notícias chegavam tardiamente, mas
não havia nenhum problema, era um povo de consolação.
As noites eram mais longas, não existia entretenimento
televisivo num mundo de imaginação. Os moradores daqui
eram singelos, de tanto simples eram belos, de pura alma e
valor. Os rios com suas águas cristalinas formavam maravilhosas
piscinas com a semelhança dos prismas multicor. Em período
qualquer, aqui chegaram exploradores, vindos de uma terra
distante e transformaram em inoperante o que era simplicidade
e amor. Grandes derrotas sofreram as árvores esplendorosas,
uma a uma deitadas , deixaram clareiras de dor. A cidade
desenvolvida que se vê, não é mais como o vilarejo, hoje em
muralhas se faz, protegendo-nos do nosso ser semelhante. O
homem antigo buscava abrigo daquilo que lhe era selvagem,
jamais imaginaria que algum dia o ser semelhante é que seria
a selvageria. O ancião falou além disso muito mais, não recordo
exatamente de tudo, lembro-me que o escutei atento, estarrecido
e mudo. No final, vendo-me desconsolado, sentou-se ao meu lado
e afetuoso me abraçou. E a dor espremida em meu peito sumiu.
Exato momento em que me vejo acordado, estupefato, lembrando
do que eu havia sonhado. O sábio ancião nativo continua aqui ao meu
lado, materializado por conta da imaginação. E desta conversa
sonhada, carregarei o ensinamento de que o homem não é nada ao
renunciar a manutenção da natureza equilibrada.
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