PRISIONEIRO DO TEU AMOR
Não me deves nada
nesta vida,
se sempre vida me destes.
Sofrestes e chorastes
se sempre vida me destes.
minhas lágrimas enquanto
mergulhavas nas minhas aflições.
Eu sei que nas ressacas do amor profundo,
descuidastes um pouco de mim
e a cada retorno encontraste minha alma
perambulando na penumbra.
As sombras nefastas sucumbiam
a cada beijo alagado de doçura
e o vinho fazia-se doce como as uvas do éden.
Tuas concepções e pensamentos elucidavam
meus nebulosos pesadelos
e um por um os fantasmas escondidos,
se fizeram amistosos.
Hoje, convivo com eles em diária cordialidade.
Em inusitados retornos soturnos,
ao sentir estranha tentativa
de possessão ignorada,
tentando aprisionar meu sentimento,
me devolvo ao teu abrigo
e de amigo me faço amante.
Neste instante distancio-me do imaginário,
e suprimindo os ressentimentos me revelo,
e tu mergulhas incontinenti na minha vida.
Espontaneamente me acorrento a ti
e não projeto fuga.
Se supusesse desprendimento,
de fuga em fuga não teria mais para onde ir.
Não sou mais parceiro da aflição,
hoje a mantenho à deriva.
Jamais quis sentir o frio polar da solidão
no ermo das nevascas.
Quero o teu aconchego,
me quero quente para nosso ousado abraço.
Ambiciono por momentos
de predomínio das carências
ao me sentir dominado e dominador.
Quero ficar como um urso hibernado,
sem tanto repouso, quero mais amar,
ficar mais preso,
porque preso neste lugar sou feliz.
Sob teu domínio, sempre, agora, aqui.
Nesta caverna de sentimentos milagrosos,
com nossos corpos unidos,
homogêneos e livres.
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