F O M E
Olhos tristes cansados...
Marcados por labuta quase infrutífera.
O sol adentra no horizonte
e as sombras aparecem.
O triste olhar do menino é faminto.
Caminhou dia inteiro sob sol de escaldar.
Catou latas com o sabor dos restos.
A ardência nos pés nem leva em conta,
é assim mesmo.
As luzes da cidade esverdeam
no vitral da vazia garrafa.
Vago olhar e o dedo indicando
aquelas que consegue contar.
Fugir da aflição é voo alto na escuridão.
Vendo o véu negro abaixo infinito,
como num grito vislumbra
o úmido chão estrelado.
E entre a fuga e o sonhar acordado
despertando de mais um devaneio,
pois as estrelas estão lá no céu.
Junta devagarinho o saco com as latas vazias.
Escuta solitário o trovejar da barriga
e some na multidão.
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