segunda-feira, 29 de julho de 2013

                             

                                        
                      PERDI MEUS MEDOS               

                   Que transporte mental é este que transcende o ser emocional. Vi todos os meus velhos e até os mortos medos passando um por um no lado oposto da rua. Estavam rejuvenescidos e latentes meus medos, cheios de vigor e crivados de segredos, ali naturalmente em minha frente a desfilar. Vi o meu medo de amar, meu medo do escuro, o medo dos temporais, enfim todos eles eu vi. Percebi quantos muitos foram meus medos e agora fatigado nem mesmo da morte eu sinto pavor. Ao perfilarem em representações simbólicas em forma similar humana, os meus saudosos medos cumprimentaram-me com enorme respeito, depois apagaram-se e foram embora numa derradeira despedida. Evadiram esfumaçados como aqueles que encortinam-se na neblina ou evaporam sumindo nas brumas. Eu fiquei extasiado tristemente por ter perdido definitivamente meus medos. E agora que do todo, pouco posso, ficou um último temor... O medo de deixar quem mais eu amo... Deixar meu verdadeiro amor.
                 

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